Qual será a idade certa de começar a introduzir aos nossos filhos o conceito do "quem guarda sempre tem"? Eu acho que eu sempre fui uma pessoa mão fechada, pão dura, murrinha, por isso esse assunto é um pouco delicado pra mim. Pera, deixa eu me descomplicar um pouquinho... Eu só sou um pouco controlada demais... desde sempre. Lembro que, quando pequena, eu e meus primos ganhávamos um envelope com um dinheirinho da minha avó todo natal. Eu geralmente guardava o envelope até saber direitinho o que queria comprar. Minha mãe conta que uma vez já tinha se passado quase 1 ano do acontecimento, quando eu disse pra ela que queria um patins, E minha mãe falou pra mim: "mas filha, agora eu e seu pai não temos o dinheiro". E eu com a carinha cheia de triunfo disse: "mas eu tenho!! Tenho o dinheiro que a vovó me deu!" Essa economia me rendeu meu primeiro patins de não-bebê. Sem ninguém me ensinar, e até brigarem comigo por causa disso, eu costumava guardar cada centavo. Inclusive o dinheiro que ganhava pra comer no intervalo na cantina da escola. Mas sempre tinha um foco... comprar o presente de dia das mães, uma roupa ou um brinquedo, ir pro cinema com as amigas.
Cresci e a coisa não mudou... economizei um ano de dois trabalhos pra pagar casamento, economia depois pra comprar enxoval de Lucy e por aí vai. Tá certo que nem sempre sobra pra guardar as pratinhas, mas que vale a pena vale! Por causa dessa murrinhagem, eu ganhei o cargo de administradora do dindim lá de casa. Eu controlo (pra desespero do marido) o que entra na carteira e o que sai dela.
Esse ano, Lulu ganhou um cofrinho... Um usadinho em formato de casinha, acho que a vó comprou num brechó. Quando vi, meus olhos brilharam! Achei uma oportunidade e tanto pra Lucy começar a entender o valor de certas coisas. Sei que ela não está nem perto de entender na prática a diferença entre uma coisa barata e uma cara, mas ela poderia sentir o gosto de comprar algo que ela quisesse muito, com o próprio esforcinho dela. Sentei com minha pequena e expliquei pra quê servia a casinha. Disse que se ela guardasse todas as moedinhas que ela ganhasse, ela ia poder comprar um brinquedo, ela mesma, não a mamãe. E por incrível que pareça, com dois anos e meio, ela ficou super empolgada com a notícia e começou a procurar moedinhas. Pedia pra gente, pro vovô, quando recebíamos troco de qualquer coisa. E a gente dava uma forcinha, claro. qualquer moedinha que sobrava engordava o cofrinho dela. Já estávamos a uns três meses nessa novela, quando eu comecei a prestar atenção no que ela queria.
Já tinha um tempão que Lucy vinha namorando umas princesinhas da Disney que trocam o vestido. Sempre que colocávamos videos no youtube pra ela assistir, isso era tudo que ela queria ver. Um dia, ela foi na casa de uma amiguinha, e lá estavam elas. A bichinha ficou apaixonada. Meu coração não aguentou e no dia das crianças ela ganhou três. Quase morreu de alegria! "Tlês mamãe, tlês princesas!!!" Achei que o assunto tava resolvido, mas não... Agora ela via os videos e falava - mamãe, faltam essa, essa e essa. Vi que tinha chegado a hora de abrir o cofrinho. Contei as moedinhas e deram R$ 46,00. Chamei Lulu, mostrei pra ela o quanto ela tinha conseguido juntar e disse que naquele dia, a gente ia na loja comprar uma princesa com o dinheiro dela! Meu Deus, pensa numa criaturinha estática! Abriu um olhão: "EU vou comprar, EU??" Tiramos até foto do acontecimento:
Chegando na loja, ela foi correndo pras princesas, e já pegou logo duas... expliquei que com o que ela tinha juntado, dava pra comprar só uma. Ela tinha que continuar economizando pra comprar as outras. Ela entendeu, escolheu a que gostava mais e me deu. Coloquei Lulu no colo, dei o cofrinho na mão dela, e fui pro caixa, Na vez dela, eu expliquei pra vendedora que estava ensinando a filhota a poupar, que ELA ia pagar pelo brinquedo dela. A vendedora fez uma festa só, pegou o cofrinho e perguntou: "Você vai comprar a sua boneca?" E ela com um sorriso cheio de orgulho disse: "Sim, e é uma princesa!"
A vendedora levou anos pra contar todas as benditas moedas, e foi ótimo o jeito como ela entrou no jogo. Quando Lucy recebeu a sacolinha na mão, ela não se cabia de felicidade. Saiu da loja realizada, dever cumprido! E eu mais ainda, porque acho que consegui passar meu recado pra cabecinha dela. Prova disso é que agora toda vez que o priminho diz que quer algum brinquedo, Lucy vem perguntar: "Pietro, você tá juntando suas moedinhas?" Pequenas sementinhas que valem pra vida inteira. Virou costume, o cofrinho não fica mais vazio. Pietro também entrou na onda, pede moedinhas pro vovô agora o tempo todo.
Não queremos no mundo pessoinhas murrinhas como eu, mas criar crianças conscientes do valor das coisas e ensiná-las a se esforçar desde cedo para alcançar seus próprios desejos é um bem que fazemos não só pra elas, mas para os papais e para sociedade como um todo! Portanto, lição cofrinho: Recomendo! Dato, assino e carimbo! Ver minha filha passando do, "eu quero", pro "mamãe, temos dinheiro pra comprar?" e entendendo quando a mamãe diz que não, já é uma baita etapa vencida pra mim! O cofrinho foi o meu passaporte pra essa transição. E você? Qual vai ser o seu jeito criativo de ensinar seu pequeno a poupar?? Conta pra gente!
Beijos mamães!
Michelle Vargas
Adorei o post! Vou recomendar para todas as amigas mamães!
ResponderExcluirBrigada pelo carinho nat!!! Vamos conscientizar nossos baixinhos!! Bjuss!
ExcluirEu sou assim que nem você, guardo tudo até ter certeza absoluta de que quero tal coisa hahah e que amooooor esse post, sua filha é linda, só imagino a felicidade que ela ficou ao comprar a princesa!
ResponderExcluirUm beijão,
Gabi do likegabs.blogspot.com ♡
Aah Gabi! Puxa, muito obrigada por ter passado por aqui, e por esse comentário! Ela ficou hiper feliz mesmo, foi muito bom!! Eu passei no seu blog também, e adorei tudo por lá, já até comecei a seguir rsss!!
ExcluirBjooocas