domingo, 9 de agosto de 2015

A leveza de ser Mãe


Vai uma de Lucy: certo dia desses estava eu correndo de manhã feito uma barata tonta, tentando fazer tudo ao mesmo tempo. Limpar chão, lavar roupa, estender no varal, dar banho em criança, e enquanto isso passando pano nos móveis, arrumando camas e Deus sabe mais o que. Minha última tarefa da manhã, antes de sair pra rua era lavar a bendita louça... que normalmente é tarefa do marido, mas nesse dia especificamente, tava caindo prato da pia de tão cheia que ela tava. Como toda mãe ótima, coloquei Lucy de frente a um desenho (juro que fujo disso com todas as minhas forças), pra me dar 10 minutinhos e acabar com meu expediente doméstico. Mas também como toda criança que se preza, Lucy tem um décimo sentido, e capta de longe quando a mãe está apoquentada... e esse sentido só existe pra que elas saibam quando nos aperrear mais ainda! Acho que elas sentem um prazer maligno em ver uma fumacinha saindo da nossa cabeça. Mãos cheias de sabão, eu sinto um puxão na calça: 
 - Mamããããããããeeeee, vem brincar comigo!!! 
 - Só um minutinho filha, já vou acabar e vou lá com você! Enquanto isso vai ver a Dora vai.
 - Por favoooooorrrr, vc finge que é o cavalinho e eu sou sua amiga! 
A mãe, já com a bunda aparecendo, de tanto que a louquinha ta puxando, diz:
 - Lucy, a mamãe disse que já vai. Pega as suas bonecas e leva pra sala pra brincar.
Nessa hora, a mãe vê a cara da menina: cheia de batom pra todo lado! A mãe respira fundo e percebe que se entrar nesse mérito agora, aí que tudo desanda mesmo. Segue-se um bico do tamanho do mundo. O bico da Lucy não é coisa boa... ele mostra que as coisas estão pretas na cabecinha dela. Largo os pratos, sento do lado dela e tento explicar que mamãe está ocupada, mas que jajá o meu tempo será só dela. Nessa hora, ela deita no chão da cozinha, com o bicão ainda a postos e diz: 
 - Eu não gosto mais de você mamãe. E não gosto do papai também, nem do Pietro, nem da tia Bia, nem da vovó (logo a coitada que rola no chão com essa pestinha, até ela entrou na história), nem do vovô! Nem das minhas amigas, (Pausa pra pensar) Só do tio Junior! (em outro post explico a relação "fã / ídolo" entre Lucy e tio Junior)
Essa me pegou desprevenida. Desde que minha bebê aprendeu a falar, já ouvi um milhão de "Eu Te Amos", mas esse foi o primeiro "Não Gosto Mais de Você". Não sabia se ria, se chorava, se largava ela no chão pra voltar pra louça ou se catava ela no colo pra encher de beijos e brincar com ela. Só sei que fiquei com cara de tacho na hora! Como assim?? Ingratidão, já nesse estágio da vida?? E as milhões de horas passadas sentada no quarto com ela fazendo vozes de bonequinhas ou latindo feito um cachorrinho, ou contando trocentas historinhas de todos os seus livrinhos um depois do outro?? Acho que ela percebeu a confusão na minha cara, porque ela tomou as rédeas da situação, quase literalmente. Levantou e continuou me puxando! E já que essa lavagem de louça não ia sair mesmo, larguei pra fazer outras tarefas ENQUANTO fingia que era um cavalinho. 
Esses dias são mais rotineiros do que eu gostaria que fossem! Um dia vi uma pessoa falando assim: "A vida só é dura pra quem é mole." Obviamente essa pessoa não tinha um bichinho de zoológico em casa fazendo de tudo pra tirar o seu juízo. Obviamente essa pessoa não passava dias a fio sem lavar o cabelo, ou depilar as pernas, ou esticar o corpo dolorido no sofá pra ver tv! E aqueles que não têm filhos, nem se atrevam a sentir pena, porque como mãe não segue lógica nenhuma, se um dia ficamos sem essa correria, a gente acha que tem algo errado. Amamos nosso serzinho com bico ou sem bico, com gritaria ou sem ela, porque não precisamos mais de coerência pra viver.
Agora falando sério... mesmo que amemos tudo que fazemos pelos nossos filhotes, uma hora o fardo fica um pouco pesado. E não adianta muito uma noite fora cazamigas (né meninas), ou um tempo bom namorando com o marido, ou uma distração qualquer pra fugir um pouco do batente. Não que essas sejam coisas dispensáveis, acho não sobreviveríamos sem essas pequenas atitudes. Mas acho que as vezes nos falta encontrar uma leveza, que ficou esquecida lá dentro. 
Ao nos tornarmos mães, a maioria de nós assume uma carga tão grande de responsabilidades, que é fácil esquecer o prazer das pequenas coisas no dia a dia. Deixamos pra trás, lááá pela adolescência, o sentido de acordar e ter a expectativa do que vai acontecer de novidade naquela manhã. É uma leveza, que está dentro de todas nós, mas muitas vezes escondida. Será então que, começar a encarar cada tarefa com mais clareza e criatividade não ajudaria um pouco o nosso processo? Como colocar NOSSA música preferida pra tocar no carro, e ensinar o filho a cantar em vez de ficar no disco furado da Xuxa toda santa vez? Como entrar no banho com a cria em uma tarde quente, em vez de ficar gritando pra ela: ENTRA LOGO SENÃO O QUE É SEU TÁ GUARDADO! Ou simplesmente esquecer casa e rotina por um dia e sair pra passear, só você e seu filhote, como um encontro, pra um sorvete, pra um shopping, ou uma livraria. Eu sei que é difícil, e humanamente impossível seguir isso à risca, mas precisamos de um desafio de vez em quando né? E no final das contas, até a forma de lidar com o estresse de cada dia é uma escolha nossa. 
E vamu-lá, Amanhã vai ter mais suco derramado na toalha de mesa recém lavada, mais "mamãe não quero dormir", mais pó por todo lado da casa e mais trabalho acumulado, porque como se não bastasse, dinheiro não cai do céu (pô Deus)! Mas quando a barra apertar, contemos em silêncio até 197, e repitamos como um mantra pra nós mesmas: eu sou um ser leve, eu sou um ser leve (não na balança, mas pelo menos no espírito). A gente chega lá!

Beijocas

Michelle Vargas

2 comentários:

  1. Hehehehe adoreiiii eu sou um ser leve, equilibrado e td vai dar certo hehehehe linda!

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  2. Tô esperando o post do Júnior hehehehe bjuuu

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