sábado, 8 de agosto de 2015

Cada um é um!

Não sou psicóloga, mas sempre gostei muito de conversar e entender a personalidade das pessoas que me cercam... tentar entender a raiz de algumas atitudes, ou posturas. Falo do fundo do meu coração que tenho aversão ao julgamento alheio, quando falam com um suposto conhecimento profundo do que aquela pessoa deveria ou não fazer, deveria ou não ser, sem tomar parte dela. Sem a conhecer a fundo. E mesmo que esse seja o caso... quem nos dá o direito de ser juiz de alguém nessa vida? Cada um é um. Cada pessoa, individualmente, sofre com seus próprios problemas, frustrações e enganos.
Para um post materno, esse assunto soa meio pesado né?? A verdade é que estou apenas divagando para chegar a uma discussão: a personalidade infantil. Desde quando podemos tratar uma criança como um ser pensante, atuante, racional? Qual é a idade certa para que ela possa  ter o direito de ter suas próprias opiniões, e pensamentos considerados por nós, a "gente grande"? 
Desde que engravidei, leio fórmulas prontas sobre como atuar com nossas crias.  Como fazer com que seu filho seja uma pessoa simpática com os outros. Como fazer para que seu bebê durma a noite inteira! Como arrumar o pratinho dele para que ele não deixe de comer um só grão de arroz. Lia e pensava, que fácil! Vou tirar de letra! Qual nada, história pra boi dormir! Hoje, mais calejada, percebo o quanto existe gente por aí que pensa que criança é tudo igual. Que o que funciona pra um, com certeeeza vai funcionar pro filho do vizinho! E se não funciona, a mãe ainda é a culpada (pobre de nóis). Ou a coitada não tem pulso firme, ou é dura demais com o filho. Ela não tem rotina nenhuma, ou então é tão controlada que a criança vai ficar louca. Essa mãe mima demais, ou é tão desapegada que um dia vão ver a Samu chegando porque encontraram a criança estatelada no chão, depois de ter subido na beliche!! Culpa da mãe, tava trocando a fralda do outro e esqueceu dessa! Nossa, fui longe agora, do que eu tava falando mesmo?? 
Ah sim, cada um é um! Eu tive o privilégio de ter um sobrinho crescendo junto com a minha filha. Acho que todo mundo por aqui já conhece o Pietro, figurinha tarimbada, outro amor do meu coração! Ele e Lucy têm dez dias de diferença e têm crescido lado a lado, porque eles dividem uma casa de vovó, na qual estão juntos quase sempre. Enfim, são praticamente como irmãos... Quando saem na rua é um tal de perguntarem se são gêmeos, e olha, vou te dizer,,,, não poderiam ser mais diferentes. Não tô falando isso fisicamente, e sim na personalidade. TUDO é o oposto um do outro. Quando um é Não, o outro é Sim. Um adoooora aquele prato de pedreiro no almoço, mas também não quer saber de comer mais nada no intervalo... a outra, despreza a comida do almoço de fazer a gente chorar, mas adora todas as outras coisas que damos durante o dia. Uma é concentrada no que está fazendo ao máximo, e o outro tem uma inteligência horizontal, quer e consegue fazer tudo ao mesmo tempo. Uma é calma, o outro é a atividade em pessoa, haja ginástica. Mas porquê isso, se os dois foram criados juntos, praticamente da mesma maneira?? O que um ganha, o outro ganha também (aqui eu me refiro aos avós), o que um tem no prato do almoço o outro tem também. O esculacho que um leva o outro leva também. A única resposta é: são diferentes! Não tem o que entender.
Acho que já escrevi um post por aqui, em que falava que sempre notei um quê de gente grande na minha filha... essa característica aparece as vezes, quando eu menos espero. Em suas respostas, nas suas atitudes. Um dia desses, o primo ganhou um carrão, desses de pedal de caminhão, que entra nele (rssss olha a descrição "que entra nele"), e a Lucy tava do lado. Mas não tinha carro de menina na loja, e a vovó falou, Lucy, o próximo a gente vai comprar pra você. Vixe, eu esperei um berreiro. Ela pegou minha mão, andou um pouco na loja e me falou: mamãe, vamos esperar no carro? Gente, isso veio de uma bebê de 2 anos e meio... pra você pode parecer normal, mas pra mim, e pode soar corujice de mãe, eu não ligo, é uma aberração! Lucy mostra claros sinais de não ser consumista! Talvez ela já perceba que mamãe é quebrada, dura, não sei, pode ser um sinal de piedade divina sobre mim, mas graças a Deus, eu posso contar em poucos dedos as vezes que ela saiu chorando de uma loja de brinquedos. Já meu sobrinho é super antenado em todas as novidades, e já decorou todas as propagandas das coisas que ele gostaria de ter. Quando entra em uma loja, vai certeiro na prateleira do que ele quer! Esperto, o menino. 

Enfim, o fato é que, a personalidade se mostra antes mesmo da linguagem se mostrar. Um bebê de meses já demonstra preferências que devem ser percebidas e respeitadas. Vejam bem, não estou dizendo que devemos agir como se nossos filhos fossem donos de seus narizes, sabemos o que é melhor pra eles e sempre, sempre agiremos neste sentido, mas precisamos adquirir a consciência de que não somos mães de sacos de batatas! E o quanto antes eles sentirem que damos importância ao seu jeito de ser, mais eles estarão abertos a se mostrar, e mais eles se sentirão livres para explorar seja lá o que for que eles têm de melhor. E o mais importante: ao começarmos a nos atentar ao seu tipo de temperamento e personalidade, poderemos começar a interagir com nosso filhote de forma individualizada, e não mais com fórmulas generalizadas. 
O escritor e pediatra Harvey Karp, autor do livro The happiest Toddler on the block (a criança mais feliz do quarteirão), diz que se bebês são anjos, crianças a partir de seus dois anos são como homens das cavernas. E que conhecer o temperamento de sua criança vai te ajudar a saber quando acarinhá-la e quando empurrá-la. Karp ainda diz: "Preste atenção e perceba a nuance de seu filho. Crianças são como flores, cada uma é diferente, mas especial. Então tanto faz se seu filho for uma papoula brincalhona ou uma violeta tímida. Ame e celebre seu filho por sua singularidade." 

Então chega de dar ouvidos aos palpiteiros de plantão (a menos que valha a pena), e comecemos a abrir nossos ouvidos para o que nossos filhos estão querendo nos passar. Podemos ter a abertura de ajudar a moldar suas pequenas personalidades. A unicidade e a coerência deles sempre nos surpreende e nos ensina. E é um enorme privilégio ver isso se desenvolver bem diante de nossos olhos! 

E você mamãe? O que tem a dizer sobre o jeitinho de seu filhote?? 

Beijão pessoal! Até a próxima!

Michelle Vargas

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